terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Atenágoras de Atenas (séc.II).


Petição em favor dos cristão.
Atenágoras de Atenas (séc.II).
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Estrutura da petição

A Petição está, portanto, assim estruturada: caps. 1- 3 constituem uma introdução contendo a dedicatória e o objetivo da obra. No capo 4, o autor passa a refutar as acusações. A primeira é a de ateísmo. Atenágoras emprega 26 dos 37 capítulos da Petição para refutar esta acusação. Em síntese, ele diz: os cristãos não são ateus, mas adoram o Deus único, criador do universo. O Deus dos cristãos é único, mas, também, trino. No cap., 10, demons- trando racionalmente a unicidade de Deus, busca esclarecer o novo conceito de Deus uno-trino: "O Filho de Deus que é mente (nous)... conjugado com o Logos"."O Espírito Santo flui de Deus... ". OS cristãos não oferecem sacrifícios sangrentos não porque são ateus, mas porque o Deus verdadeiro só aprecia sacrifícios espirituais. Se eles se recusam a cultuar os deuses, é porque os julgam indignos de qualquer espécie de culto. Com moderação, mas com firmeza, Atenágoras diz que estes deuses são simples criaturas e os milagres que lhes são atribuídos são obras do demônio. Os cristãos, ao contrário dos ateus, praticam um culto mais puro, mais elevado e perfeito que os pagãos (caps. 4-30).

Nos caps. 31-34, o autor se empenha em demonstrar que os cristãos não cometem nenhuma imoralidade, nenhum ato incestuoso como se propaga. Ao contrário, interditam até mesmo os pensamentos maliciosos, por temor do castigo divino: "Nós, porém, estamos tão longe de ver isso com indiferença que não nos é lícito sequer olhar com intenção de desejo. (...) Como não acreditar que são castos os que nada podem olhar além daquilo para o qual Deus formou os olhos, isto é, para que fossem nossa luz, aqueles que consideram adultério o olhar com prazer, pois os olhos foram criados para outra finalidade, e os que serão julgados até pelos seus pensamentos?" (cap. 32). Os cristãos guardam, portanto, a castidade matrimonial e estão convencidos da indissolubilidade do matrimônio. Nem mesmo a morte pode dissolver este vínculo, por isso as segundas núpcias, mesmo em caso de viuvez, são consideradas "adultério decente" ou "adultério dissimulado" (cap. 33).

Finalmente, nos caps. 35-36, Atenágoras defende os cristãos contra a acusação de antropofagia. Ao contrário, os cristãos respeitam extremamente a vida humana; fogem dos jogos do circo; condenam o aborto por julgarem- no homicídio, pois o feto é já ser vivo e objeto dos cuidados de Deus. Além do mais, a fé na ressurreição é força que os impede de cometer estes excessos. F. Cayré sintetiza assim esta Apologia: "A apologia de atenágoras é uma das mais belas, por sua alta qualidade literária, pela lealdade na discussão e pela ciência de seu autor. A composição é remarcavelmente clara e metódica, a frase, sempre completa, muito rica em idéias, o raciocínio firme e vigoroso, o estilo preciso e sóbrio, por vezes conciso até à secura. Todo o conjunto deste escrito revela verdadeiro filósofo e mestre que discute segundo as regras. Atenágoras foi principalmente dialético, como Taciano polemista e como Justino, apóstolo. Além disso, tem mais de um ponto de semelhança com Justino, em particular na maneira benevolente com que trata a filosofia e os filósofos, e no comum esforço para aliar a filosofia e a religião" (Patroiogie. Histoire de ia Théoiogie I, Paris, 1947, p. 127.. ).


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Petição em favor dos cristão.
Atenágoras de Atenas (séc.II).

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