sábado, 21 de janeiro de 2012

Epístola a Diogneto.(autor desconhecido pelos historiadores)


Epístola a Diogneto.
Autor: Anônimo.
Transmissão: Luiz Fernando Karps Pasquotto.
(Fonte: Agnus Dei).
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Um pagão culto, desejoso de conhecer melhor a nova religião que se espalhava pelas províncias do império romano, impressionado pela maneira como os cristãos desprezavam o mundo, a morte e os deuses pagãos, pelo amor com que se amavam, queria saber: que Deus era aquele em quem confiavam e que gênero de culto lhe prestavam; de onde vinha aquela raça nova e por que razões aparecera na história tão tarde.

Foi para responder a estas e outras questões de igual importância que nasceu esta jóia da literatura cristã primitiva, o escrito que conhecemos como Epístola a Diogneto.

O texto se revela, simultaneamente, como crítica do paganismo e do judaísmo e defesa da superioridade do cristianismo.

Sobre este documento, infelizmente, não se sabe muita coisa. Elementos importantes que ajudam a determinar e caracterizar uma obra, tais como autor, data e local de composição, bem como o destinatário, ficam na sombra. De qualquer maneira trata-se de um documento de primeira grandeza sobre a vida cristã primitiva que merece ser colocado entre as obras mais brilhantes da literatura cristã.

De acordo com os últimos estudos o destinatário mais provável seria o imperador Adriano, que exercia a função de arconte em Atenas desde 112 d.C.




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Epístola a Diogneto.
Autor: Anônimo.
Transmissão: Luiz Fernando Karps Pasquotto.
(Fonte: Agnus Dei).

Exórdio

Excelentíssimo Diogneto,

1. Vejo que te interessas em aprender a religião dos cristãos e que, muito sábia e cuidadosamente te informaste sobre eles: Qual é esse Deus no qual confiam e como o veneram, para que todos eles desdenhem o mundo, desprezem a morte, e não considerem os deuses que os gregos reconhecem, nem observem a crença dos judeus; que tipo de amor é esse que eles têm uns para com os outros; e, finalmente, por que esta nova estirpe ou gênero de vida apareceu agora e não antes. Aprovo este teu desejo e peço a Deus, o qual preside tanto o nosso falar como o nosso ouvir, que me conceda dizer de tal modo que, ao escutar, te tornes melhor; e assim, ao escutares, não se arrependa aquele que falou.

Refutação da idolatria

2. Comecemos. Purificado de todos os preconceitos que se amontoam em sua mente; despojado do teu hábito enganador, e tornado, pela raiz, homem novo; e estando para escutar, como confessas, uma doutrina nova, vê não somente com os olhos, mas também com a inteligência, que substância e que forma possuem os que dizeis que são deuses e assim os considerais; não é verdade que um é pedra, como a que pisamos; outro é bronze, não melhor que aquele que serve para fazer os utensílios que usamos; outro é madeira que já está podre; outro ainda é prata, que necessita de alguém que o guarde, para que não seja roubado; outro é ferro, consumido pela ferrugem; outro de barro, não menos escolhido que aquele usado para os serviços mais vis? Tudo isso não é de material corruptível? Não são lavrados com o ferro e o fogo? Não foi o ferreiro que modelou um, o ourives outro e o oleiro outro? Não é verdade que antes de serem moldados pelos artesãos na forma que agora têm, cada um deles poderia ser, como agora transformado em outro? E se os mesmos artesãos trabalhassem os mesmos utensílios do mesmo material que agora vemos, não poderiam transformar-se em deuses como esses? E, ao contrário, esses que adorais, não poderiam transformar-se, por mãos de homens, em utensílios semelhantes aos demais? Essas coisas todas não são surdas, cegas, inanimadas, insensíveis, imóveis? Não apodrecem todas elas? Não são destrutíveis? A essas coisas chamais de deuses, as servis, as adorais, e terminais sendo semelhante a elas. Depois, odiais os cristãos, porque estes não os consideram deuses. Contudo, vós que os julgais e imaginais deuses, não os desprezais mais do que eles? Por acaso não zombais deles e os cobris ainda mais de injúrias, vós que venerais deuses de pedra e de barro, sem ninguém que os guarde, enquanto fechais à chave, durante a noite, aqueles feitos de prata e de ouro, e de dia colocais guardas para que não sejam roubados? Com as honras que acreditais tributar-lhes, se é que eles têm sensibilidade, na verdade os castigais com elas; por outro lado, se são insensíveis, vós os envergonhais com sacrifícios de sangue e gordura. Caso contrário, que alguém de vós prove essas coisas e permita que elas lhe sejam feitas. Mas o homem, espontaneamente, não suportaria tal suplício, porque tem sensibilidade e inteligência; a pedra, porém, suporta tudo, porque é insensível. Concluindo, eu poderia dizer-te outras coisas sobre o motivo que os cristãos têm para não se submeterem a esses deuses. Se o que eu disse parece insuficiente para alguém, creio que seja inútil dizer mais alguma coisa.


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